Creepypasta: Setealém

setealém

Na vasta extensão da internet, onde mitos e lendas urbanas encontram terreno fértil, uma história particular se destaca pela sua profundidade misteriosa e assustadora: o creepypasta Setealém. Este mundo alternativo cativa a imaginação dos internautas e se tornou um dos mistérios mais intrigantes da cultura digital brasileira. Vamos explorar o que é Setealém, como surgiu e por que continua a deixar muitos intrigados.

O Que é Setealém?


Setealém é descrito como um universo paralelo, um lugar sombrio e desconcertante que, aparentemente, pode ser acessado acidentalmente por algumas pessoas. Não existe uma "entrada" clara ou um método específico para se chegar lá, mas aqueles que afirmam ter tido essa experiência relatam que tudo acontece de forma inesperada: um simples passeio de táxi, uma caminhada pela rua ou até mesmo um sonho. De repente, a realidade ao redor muda, e a pessoa se encontra em um ambiente completamente diferente, ainda que familiar.

Esse "outro lado" parece um reflexo distorcido do nosso mundo. Os relatos sugerem que, embora a arquitetura e os cenários sejam reconhecíveis, eles têm uma aura de decadência e escuridão. As cores parecem mais opacas, os edifícios em ruínas e o ambiente parece carregado com uma sensação de opressão e perigo. As pessoas (se é que são pessoas) que habitam Setealém possuem comportamentos estranhos e, muitas vezes, olhares vazios e ameaçadores.

A Origem de Setealém


O termo Setealém foi criado pelo escritor Luciano Milici para designar experiências materiais em outras dimensões. A ideia surgiu como uma tentativa de nomear uma realidade alternativa onde coisas estranhas e inexplicáveis acontecem. Embora tenha começado como uma ideia na mente do autor, Setealém tomou proporções gigantescas quando foi difundido pela internet, principalmente por meio de relatos e especulações de pessoas que dizem ter acessado essa outra dimensão.

Os relatos são fragmentados, e não há uma história linear. Alguns usuários afirmam que Setealém se encontra em uma espécie de "brecha" entre as dimensões, enquanto outros especulam que é uma versão pós-apocalíptica da Terra, acessível através de falhas na nossa percepção da realidade. A única certeza é que, uma vez que alguém entra em Setealém, sair de lá pode ser extremamente difícil, e o retorno ao "nosso mundo" deixa traumas profundos.

Significado do nome 


A palavra "Setealém" tem um significado simbólico importante: ela é formada por duas partes – "sete" e "além". Na Cabala, o número sete é frequentemente associado à espiritualidade e à perfeição divina. Já a palavra além indica algo que está fora da nossa realidade, um lugar em outra dimensão espiritual. Assim, o nome Setealém sugere uma dimensão além do físico, onde fenômenos misteriosos e espirituais ocorrem. Essa combinação de misticismo e sobrenatural reforça a aura enigmática em torno desse universo.

Teorias Sobre Setealém


Ao longo do tempo, várias teorias tentaram explicar ou explorar a natureza de Setealém. Uma das mais populares conecta essa dimensão com lugares míticos e fenômenos inexplicáveis conhecidos da cultura popular.

Setealém e o Triângulo das Bermudas


Algumas crenças místicas apontam o Triângulo das Bermudas como um possível portal para Setealém. Existem relatos de desaparecimentos misteriosos de aeronaves e embarcações naquela região, com passageiros que, supostamente, passaram anos desaparecidos. Curiosamente, essas pessoas reaparecem sem sinais de envelhecimento ou com memórias vagas de terem estado em uma terra estranha, habitada por seres peculiares. Em alguns casos, elas falam de uma estrada que, ao ser seguida, as conduziu de volta à realidade. Isso sugere que, em certos pontos do planeta, como o Triângulo das Bermudas, pode haver passagens para Setealém.

Além disso, há lendas que conectam o Triângulo das Bermudas com a Atlântida, a lendária cidade que afundou sob o mar. Algumas teorias afirmam que os antigos habitantes de Atlântida não foram destruídos, mas sim deslocados para outra dimensão, possivelmente Setealém. Seria possível que essa civilização tenha deixado vestígios de sua presença, incluindo cristais poderosos que funcionam como um tipo de ímã, atraindo navios, aviões e até pessoas para essa outra realidade.

Caverna do Dragão e Setealém


Outra teoria curiosa associa o clássico desenho animado Caverna do Dragão ao mundo de Setealém. Segundo essa hipótese, os jovens protagonistas da série, que desaparecem misteriosamente ao entrar em um brinquedo de parque de diversões, na verdade teriam sido transportados para Setealém. Alguns espiritualistas argumentam que os personagens estão presos em uma dimensão espiritual conhecida como Umbral, enquanto outros sugerem que Setealém seria o verdadeiro destino desses personagens, uma terra de confusão e desespero da qual eles lutam para escapar.

Efeito Mandela e Setealém


Por fim, Setealém também é ligado ao Efeito Mandela, um fenômeno no qual um grupo de pessoas se lembra de eventos ou detalhes de forma diferente do que realmente aconteceu. Alguns acreditam que essas falsas memórias poderiam ser o resultado de "deslizes" entre dimensões, onde as pessoas, sem perceber, transitam temporariamente para Setealém ou outras realidades paralelas, trazendo de volta memórias distorcidas.

Setealém Relato


Um dos relatos mais famosos é o "Um ônibus para Setealém" que envolve um homem que entrou em Setealém ao pegar um ônibus comum. Após horas de desespero, ele finalmente conseguiu "voltar" ao seu mundo original, mas não sem carregar as memórias aterrorizantes daquela realidade. Leia completo abaixo:

***

1994. Eu estava no segundo ano da faculdade. Tinha dezenove anos e lamentava o fato de que só poderia cursar o período noturno a partir do próximo ano. Os dois primeiros anos eram obrigatoriamente matutinos, o que dificultava a busca por empregos ou estágios. Até então, minha experiência se resumia a um longo período como gerente de uma vídeo-locadora, que era como se chamava o Netflix da época.

 Mesmo morando longe da faculdade, eu adorava o caminho de volta. Os longos trechos a pé até o ponto de ônibus para, em seguida, tomar o Metrô, me permitiam observar como as pessoas eram diferentes em seus trajes, gestos e falas. Tudo aquilo era subsídio para novas histórias que eu, diariamente, escrevia. Obviamente, também aproveitava o caminho para ler.

 Normalmente, caminhava até lá para tomar um ônibus, qualquer ônibus – o primeiro que passasse – pois todos levavam para um ponto da avenida onde eu facilmente acessaria o Metrô. Não importava o nome, o número ou a cor do ônibus, todos obrigatoriamente iam até o fim da avenida, para então, seguirem seus itinerários. Isso era bom, porque eu não me demorava mais que dois minutos no ponto.

Naquela tarde quente de outubro, após uma exaustiva aula de Mercadologia, segui meu caminho costumeiro até uma grande e famosa avenida há alguns minutos do campus. Cheguei no ponto e coloquei um CD, acho que do Nação Zumbi, no discman. A pilha estava acabando e a voz do Chico Science parecia demoníaca. Um ônibus chegou e parou. Entrei e substituí o discman por um livro.

Em média, o trajeto demorava de vinte e cinco a trinta minutos por causa do trânsito e, quando eu tinha sorte de encontrar um banco vazio, lia várias páginas. Naquele dia, nem quinze minutos se passaram e senti a mulher ao meu lado, no banco, me cutucar. Parei de ler e olhei para ela.

- Você não vai para Setealém, vai? – ela perguntou.

Apertei os olhos, tentando entender o que ela havia dito. Teria sido Santarém?

Ela insistiu:

- Esse ônibus vai para Setealém. É melhor você descer.

Sorri para ela. O nome “Setealém” havia ficado claro, mas o conselho não fazia sentido. Olhei para os lados e todos, absolutamente todos do ônibus estavam me olhando. Uma outra mulher, em pé, um pouco mais à frente, falou:

- É, vai...desce, moço.

Próximo a ela, um rapaz com uma pasta na mão acenou positivamente com a cabeça e foi mais incisivo:

- Desce aí!

Antes que eu perguntasse o que estava acontecendo, o cobrador – que também me olhava, com o maço de notas na mão – gritou para o motorista:

- Vai desceeeeer!

O ônibus parou na hora. Ali não era um exatamente um ponto, mas eu não liguei. Levantei-me rapidamente do banco e fui em direção à porta aberta. As pessoas no corredor abriram caminho acompanhando-me com o olhar.

Desci.

Confesso que, na hora, dezenas de pensamentos me ocorreram. Seria um ônibus particular? Não. Havia um cobrador, afinal de contas. Teriam me confundido com alguém? Talvez. Assim que pisei no asfalto, o ônibus retomou o caminho, até que, estranhamente, virou à direita em uma ladeira de paralelepípedos. Um trajeto incomum.

Aquele nome "Setealém" nunca mais saiu da minha mente. Seria um bairro? Uma cidade? Perguntei aos meus conhecidos e até olhei no Guia de Ruas, uma espécie de Waze do século passado, onde seu dedo indicador fazia o papel do carrinho. Ninguém nunca reconheceu esse nome nas proximidades ou até em outro lugar do mundo.

Sei que, dias depois, passei a sonhar com Setealém e, desde então, pelo menos uma vez por mês me vejo em suas estranhas ruas, durante o sono.

***


Setealém é uma das creepypastas mais fascinantes e assustadoras da internet brasileira. Misturando elementos de ficção científica, terror psicológico e lendas urbanas, esse universo paralelo mexe com os medos mais profundos das pessoas: o desconhecido e o incontrolável. 

Fontes: https://www.setealem.com.br/o-primeiro-relato-setealem
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/horoscopo/lenda-urbana-saiba-o-que-significa-setealem-e-veja-se-voce-ja-conhece,d7bacdd47ff89a9b78e99d25c1542737h10kkn0f.html
https://www.kaalahary.com.br/pulseira-sete-nos
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